Uma das maiores dificuldades, na preparação de canais radiculares, é a instrumentação de condutos ovais ou achatados. Mesmo condutos com secção circular, quando instrumentados, dificilmente terão todas as suas paredes tocadas pelos instrumentos, independente do tamanho do alargamento, prejudicando a desinfecção e a formatação do mesmo. Em condutos com qualquer tipo de achatamento, esse problema se agrava ainda mais, visto que as irregularidades, agora maiores, dificultarão ainda mais esse passo do tratamento. Assim, condutos achatados necessitam de cuidados realmente especiais, tanto na instrumentação como na obturação.
Vários são os grupos dentais que comumente apresentam canais desse tipo. Dentes inferiores sempre apresentam condutos ovais ou achatados em algum grau, como por exemplo os pré-molares inferiores, bem como pré-molares superiores com uma raiz, raízes mésio-vestibulares dos molares superiores e raízes de molares inferiores com um conduto, ou dois, vinculados por istmos.
É claro que outros grupos dentais podem apresentar canais achatados, como segundos molares inferiores com canais em forma de “C”. Por isso, é importante, após um acesso adequado, inspecionar cada caso individualmente, para detectar a presença ou não de um conduto nessas condições. Dessa maneira, na instrumentação desses casos, é sempre recomendado que se penetre com as brocas de Gates e/ou limas rotatórias nas extremidades do mesmo, como se fossem dois condutos. Depois, se necessário, a utilização de limas para o alargamento do istmo, entre as duas instrumentações, pode completar o preparo. Caso só se consiga instrumentar a porção central do conduto, as extremidades vestibular e lingual ficarão intocadas, e uma complementação com limagem manual se fará necessária em ambas extremidades.
A cinemática desenvolvida pelos instrumentos é um constante tema de discussão nas aulas de endodontia, sendo constantemente utilizada de maneira equivocada na preparação dos diversos tipos de condutos encontrados. Assim para cada caso se faz importante a utilização correta da cinemática adequada. Para os condutos achatados em questão, a única cinemática que apresenta bons resultados para a regularização de achatamentos de qualquer tipo, é a limagem. Esse movimento é baseado em penetração do instrumento, seguido de pressão lateral e tração. Essa pressão deve ser feita contra a parede que se deseja desgastar, repetindo o movimento quantas vezes forem necessárias para a ampliação daquela região, antes de se trocar por um instrumento mais calibroso. O problema, deste movimento, é a grande produção de raspas, que ficam no interior do conduto, não permitindo o bom controle das mesmas. Por esse motivo, essa cinemática não é recomendada para ser utilizada em condutos circulares e muito menos nas proximidades do forame, pois a negligência desse cuidado pode provocar a extrusão das mesmas, que estando contaminadas, podem iniciar um processo infeccioso e inflamatório, com episódios de dor pós-operatória e até mesmo abscessos. Uma irrigação bem executada facilitará a remoção destas raspas, evitando sua extrusão via apical.
Um equipamento que facilita muito o preparo de condutos com essas características são os contra-ângulos oscilatórios (TEP – NSK) para limas manuais. Os mesmos se mostram bastante úteis nesses casos, facilitando e tornando mais rápido o preparo destas extremidades ou istmos. A oscilação mecanizada de 1500 a 4000 rpm, aciona os instrumentos com cinemática oscilatória em torno de 1000 ou mais vezes mais rápido que o acionamento manual, que em conjunto com a cinemática de limagem, feita pelo operador, produzem um eficiente desgaste das paredes dentinárias. As imagens a seguir mostram um molar inferior com conduto em forma de “C” antes e depois da instrumentação feita com o auxílio do contra-ângulo oscilatório para limas manuais.
Para a obturação, é recomendado o uso de termoplastificação da guta, com o uso, por exemplo, da broca de McSppaden, mas isto já é assunto para ser discutido em outro artigo.
Referências:
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