Em abril de 2011, aconteceu na cidade de San Antonio, Texas, o encontro anual da American Association of Endodontists (AAE). AAnnual Session, como é chamada, reúne a cada ano os maiores expoentes da Endodontia atual para uma série palestras e discussões sobre as várias vertentes de pesquisa endodôntica. Além de abrir espaço para apresentações orais e uma sessão de painéis com as pesquisas mais recentes apresentadas por alunos de residência, clínicos gerais, especialistas, alunos de pós-graduação e pesquisadores, tanto de instituições americanas como internacionais.
O Brasil participou este ano com trabalhos de instituições como FOP-Unicamp, USP-Bauru e Unisa-São Paulo. O nosso país se destacou pela pesquisa de ponta, apresentando trabalhos que iam desde estudos em Imageologia, passando por materiais e instrumentos endodônticos e até mesmo trabalhos em cultura de células, microbiologia e regeneração/revascularização endodôntica. Sendo este último tema um dos mais comentados e discutidos no encontro.
Kenneth Hargreaves, editor-chefe do Journal of Endodontics e chefe do Departamento de Endodontia da UTHSCSA, proferiu uma das palestras mais concorridas sobre regeneração endodôntica ou Regendo, termo comumente utilizado nos EUA para se referir a tal tema. Este é um assunto dos mais comentados nos principais encontros de Endodontia, pois grandes grupos de pesquisa endodôntica estão cada vez mais voltando os seus esforços para a área de Engenharia de Tecidos, buscando alternativas com uma maior previsibilidade para o tratamento do complexo dentino-pulpar. Sem sombra de dúvida uma outra grande estrela deste encontro foi a Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico (TCFC), popularmente chamada de Cone Beam. O tema foi o foco principal de diversos trabalhos apresentados durante o encontro, bem como ministrado por palestrantes como Paul R. Wesselink e o casal Christine Peters e Ove A. Peters. A TCFC constitui uma ferramenta de imagem que nos traz possibilidades bem interessantes na Endodontia por nos proporcionar a observação de estruturas anatômicas em três dimensões, tanto da face como do sistema de canais radiculares. Nos possibilita também observar instrumentos fraturados, reabsorções radiculares, acompanhamento de reparos cirúrgicos, dentre outras possibilidades. Entretanto, o custo do equipamento ainda continua elevado. Os aparelhos mais recentes vão de US$ 79.000,00 (Suni3D Cone Beam) a US$ 285.000,00 (3D Accuitomo 170). Como não poderia deixar de faltar, muito também foi falado sobre instrumentação rotatória e os diversos sistemas presentes atualmente no mercado. A palestra ministrada pelo Dr. Arnaldo Castellucci sobre instrumentação rotatória foi uma das que abordou o tema de forma empolgante. Dr. Castellucci apresentou toda a sua experiência com o uso de rotatórios de NiTi, especialmente do sistema PathFile (Dentsply Maillefer, Suiça), ilustrando sua apresentação com casos clínicos primorosos. Dentre outros sistemas apresentados, tanto em palestras como em trabalhos científicos, podemos também citar o EndoSequence (Brasseler USA, EUA) e o sistema Self-Adjusting File – SAF (ReDent Nova, Israel). O EndoSequence vem com a proposta de um design diferenciado em que as limas não possuem radial land. Já o sistema SAF também possui um design inovador que permite a expansão e compressão da lima durante o preparo químico-mecânico do sistema de canais radiculares, além de uma sistema de irrigação acoplado à lima. Um outro tópico bastante discutido durante a Annual Session foi a inter-relação Endodontia-Implantodontia. Várias palestras abordaram o tema e a importância do endodontista estar familiarizado quando indicar ou não a substituição do elemento dental por implante e mesmo, a tendência atual nos EUA do endodontista realizar as cirurgias de colocação dos implantes dentais. A Implantodontia não é uma especialidade reconhecida pela American Dental Association (ADA), assim, qualquer profissional formado em Odontologia e treinado para tal procedimento, pode realizar as cirurgias de colocação de implantes. Por fim, vale a pena parabenizar os nossos pesquisadores brasileiros, que cada vez mais vem despontando nos encontros internacionais. Dentre eles, o Dr. José F. Siqueira Júnior (Universidade Estácio de Sá), que proferiu uma palestra bastante prestigiada sobre Microbiologia e suas implicações clínicas. Também devemos citar o nome da professora Dra. Brenda Paula F. A. Gomes (FOP-Unicamp), que foi bastante cumprimentada ao longo do congresso pela gama de trabalhos publicados na área de Microbiologia em Endodontia. Deixamos aqui registrado o estímulo para que os colegas endodontistas participem de encontros como este realizado pela AAE, pois devemos sempre ter como meta a atualização constante do nosso conhecimento e prática. Além de ser uma boa oportunidade de conhecer grandes nomes da Endodontia e seus trabalhos.
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